Porto Alegre por Mudanças Globais – 15 de outubro –

outubro 11, 2011

Por Marcelo Branco

– Convocatória em construção-

 

No dia 15 de outubro, pessoas do mundo todo tomarão as ruas e as praças. Do continente americano à Ásia, da Africa a Europa, as pessoas estão se levantando para reclamar os seus direitos e pedir uma autêntica democracia, uma democracia real. Agora é chegado o momento de nos unirmos todos em um protesto não violento em escala global.

 

Com o mesmo espírito de unidade que construímos o Fórum Social Mundial como referência mundial aqui em Porto Alegre e com a energia das novas dinâmicas sociais em rede que tem mobilizado milhões de pessoas no mundo todo, convocamos tod@s @s gaúch@s para ocuparem as praças no próximo sábado dia 15 de outubro. Nos levantamos também pela volta do Fórum Social Mundial para Porto Alegre.

 

Nos levantamos contra o atual sistema financeiro global, responsável pela crise que assola o planeta, queremos uma economia a serviço das pessoas. Nos levantamos por mais democracia e por participação popular direta nas decisões dos governos. Nos levantamos contra a corrupção, pelo afastamento e punição dos corruptos e dos corruptores. Reconhecemos os avanços econômicos e sociais que conquistamos no Brasil e nos levantamos para defendê-los e ampliá-los. Nos levantamos pela democratização da comunicação, pela liberdade de expressão e por uma novo marco regulatório para a mídia no Brasil. Nos levantamos por uma internet livre, com neutralidade e na defesa do Marco Civil da Internet. Nos levantamos em apoio as lutas em andamento de tod@s @s categorias profissionais. Nos levantamos pela defesa de um sistema de saúde pública gratuito, de acesso universal e de qualidade. Nos levantamos contra qualquer discriminação, preconceito, racismo, homofobia, sexismo, machismo. Nos levantamos na defesa do meio ambiente, contra a mercantilização da natureza.

 

 

Dia 15 de outubro, sábado, nos encontraremos ás 13 horas no Brique da Redenção e caminharemos até a Praça da Matriz para uma marcha pela mudança global que queremos. A manifestação será pacífica, debateremos e nos organizaremos até alcançarmos.

 

É hora de unir-nos. É hora ser ouvidos.

ISSO SE CHAMA (IN)JUSTIÇA BRASILEIRA

outubro 5, 2011

O ‘GRANDE’ Juiz GILMAR MENDES

Foge do Brasil para o Líbano o médico condenado a 278 anos por violentar 37 
mulheres. O médico Roger Abdelmassih, de 67 anos, já está no Líbano, segundo a Folha.
E por lá deve ficar porque tem origem libanesa e o Brasil não tem tratado de
extradição com o Líbano. E isso poderia ter sido evitado, caso o ministro Gilmar Mendes não concedesse o habeas corpus que o tirou da cadeia.

O médico estava preso, aguardando recurso de sua defesa diante da sentença que o condenou a 278 anos de cadeia por violentar 37 mulheres (suas pacientes, o que agrava os crimes) entre 1995 e 2008. E aguardava preso porque a Polícia Federal informou que ele tentava renovar seu passaporte. A juíza Kenarik Boujikian Felippe determinou que ele fosse preso para evitar
sua fuga do país.

Seu advogado recorreu. Disse que Roger Abdelmassih não pretendia fugir do país, só estaria renovando o passaporte…

Sem ao menos perguntar ao advogado por que um homem de 67 anos condenado a 278 anos de cadeia renovaria o passaporte (seria um novo Matusalém?), Gilmar Mendesmandou soltar o passarinho, que agora vai passear sua impunidade no exterior, até que a morte o separe da boa vida.

O que dirá Gilmar Mendes, o Simão Bacamarte do Judiciário, sobre seu habeas
corpus que possibilitou a fuga do criminoso? Quanto custou este pequeno favor para o Roger Abdelmassih?

Parabéns ao escritório de advocacia Márcio Thomas Bastos!!!! (que defendeu o safado!) 

VOCÊ TEM O DEVER CÍVICO DE DIVULGAR MAIS ESTA CANALHICE. OU, SIMPLESMENTE APAGAR, NUM GESTO DE OMISSÃO TÃO COMUM A MAIORIA DOS BRASILEIROS. ESTE É UM DAQUELES ASSUNTOS QUE REALMENTE VOCÊ DECIDE.

POR UMA COMISSÃO DE VERDADE

setembro 28, 2011

Vamos intensificar a luta até a aprovação pelo Senado.

Assine, divulgue!

Mudar o PL 7.376 para que a Comissão da Verdade apure

os crimes da Ditadura Militar com autonomia e sem sigilo

O PL 7.376/2010, que cria a Comissão Nacional da Verdade, está prestes a ser votado no Senado em regime de urgência urgentíssima.

A aprovação do PL 7.376/2010 sem qualquer alteração, como quer a presidenta Dilma Roussef, terá como resultado uma Comissão Nacional da Verdade enfraquecida, incapaz de revelar à sociedade os crimes da Ditadura Militar que governou o país entre 1964 e 1985.

Nós, representantes de associações de ex-presos e perseguidos políticos, grupos de familiares de vítimas da Ditadura Militar, grupos de direitos humanos e outras entidades engajadas na luta pela democratização do Brasil, pressionaremos o Parlamento e lutaremos até o fim para que sejam alterados diversos dispositivos deletérios do PL 7.376/2010.

Caso esses dispositivos sejam mantidos no texto, farão da Comissão Nacional da Verdade uma farsa e um engodo.

O texto atual do projeto estreita a margem de atuação da Comissão, dando-lhe poderes legais diminutos, fixando um pequeno número de integrantes, negando-lhe orçamento próprio; desvia o foco de sua atuação ao fixar em 42 anos o período a ser investigado (de 1946 a 1988!), extrapolando assim em duas décadas a já extensa duração da Ditadura Militar; permite que militares e integrantes de órgãos de segurança sejam designados membros da Comissão, o que é inaceitável.

Além disso, o texto atual do PL 7.376/2010 impede que a Comissão investigue as responsabilidades pelas atrocidades cometidas e envie as devidas conclusões às autoridades competentes, para que estas promovam a justiça.

Reiteramos, assim, as seguintes considerações, que constam de documento com milhares de assinaturas, encaminhado em junho deste ano à presidenta Dilma Roussef:

Para que tenhamos uma Comissão que efetive a Justiça:

―o período de abrangência do projeto de lei deverá ser restrito ao período de 1964 a 1985;

―a expressão “promover a reconciliação nacional” seja substituída por “promover a consolidação da Democracia”, objetivo mais propício para impedir a repetição dos fatos ocorridos sob a ditadura civil-militar;

―no inciso V, do artigo 3º, deve ser suprimida a referência às Leis: 6.683, de 28 de agosto de 1979; 9.140, de 1995; 10.559, de 13 de novembro de 2002, tendo em vista que estas leis se reportam a períodos históricos e objetivos distintos dos que devem ser cumpridos pela Comissão Nacional da Verdade e Justiça.

―o parágrafo 4°, do artigo 4°, que determina que “as atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter jurisdicional ou persecutório”, deve ser substituído por nova redação que delegue à Comissão poderes para apurar os responsáveis pela prática de graves violações de direitos humanos no período em questão e o dever legal de enviar suas conclusões para as autoridades competentes;

 

Para que tenhamos uma Comissão de verdade:

―o parágrafo 2°, do artigo 4º que dispõe que “os dados, documentos e informações sigilosos fornecidos à Comissão Nacional da Verdade não poderão ser divulgados ou disponibilizados a terceiros, cabendo a seus membros resguardar seu sigilo”, deve ser totalmente suprimido pela necessidade de amplo conhecimento pela sociedade dos fatos que motivaram as graves violações dos direitos humanos;

―o artigo 5°, que determina que “as atividades desenvolvidas pela Comissão Nacional da Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção do sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, vida privada, honra ou imagem de pessoas”, deve ser modificado, suprimindo-se a exceção nele referida, estabelecendo que todas as atividades sejam públicas, com ampla divulgação pelos meios de comunicação oficiais.

 

Para que tenhamos uma Comissão da Verdade legítima:

―os critérios de seleção e o processo de designação dos membros da Comissão, previstos no artigo 2º, deverão ser precedidos de consulta à sociedade civil, em particular aos resistentes (militantes, perseguidos, presos, torturados, exilados, suas entidades de representação e de familiares de mortos e desaparecidos);

―os membros da Comissão não deverão pertencer ao quadro das Forças Armadas e órgãos de segurança do Estado, para que não haja parcialidade e constrangimentos na apuração das violações de direitos humanos que envolvem essas instituições, tendo em vista seu comprometimento com o princípio da hierarquia a que estão submetidos;

―os membros designados e as testemunhas, em decorrência de suas atividades, deverão ter a garantia da imunidade civil e penal e a proteção do Estado.

 

Para que tenhamos uma Comissão com estrutura adequada:

―a Comissão deverá ter autonomia e estrutura administrativa adequada, contando com orçamento próprio, recursos financeiros, técnicos e humanos para atingir seus objetivos e responsabilidades. Consideramos necessário ampliar o número atual de sete (7) membros integrantes da Comissão, conforme previsto no Projeto Lei 7.376/2010.

Para que tenhamos uma verdadeira consolidação da Democracia:

―concluída a apuração das graves violações e crimes, suas circunstâncias e autores, com especial foco nos casos de desaparecimentos forçados ocorridos durante o regime civil-militar, a Comissão de Verdade e Justiça deve elaborar um Relatório Final que garanta à sociedade o direito à verdade sobre esses fatos. A reconstrução democrática, entendida como de Justiça de Transição, impõe enfrentar, nos termos adotados pela Escola Superior do Ministério Público da União, “o legado de violência em massa do passado, para atribuir responsabilidades, para exigir a efetividade do direito à memória e à verdade, para fortalecer as instituições com valores democráticos e garantir a não repetição das atrocidades”.

A presidenta Dilma Roussef poderá passar à história como aquela que ousou dar início a uma investigação profunda dos crimes da Ditadura Militar, como subsídio para a punição dos agentes militares e civis que praticaram torturas e assassinatos e promoveram o terrorismo de Estado, bem como sustentáculo indispensável da construção da memória, verdade e justiça em nosso país.

Esperamos que ela faça a escolha certa. Esperamos que o PL 7.376/2010 receba emendas e, desse modo, surja uma Comissão Nacional da Verdade digna desse nome.

Brasília, 19 de setembro de 2011

Assinam este Manifesto:

Agildo Nogueira Junior

Alberto Henrique Becker

Alexandre Carvalho Leme

Almo Jorge Debom Jr.

Álvaro Fernandes Sobrinho

Amabel Crysthina Mesquita Mota

Américo Astuto Rocha Gomes

Ana Lucia Marchiori

Ana Paula Cavalcanti

Angela Mendes de Almeida, familiar de Luiz Eduardo Merlino

Antonio Carlos Fon

Antônio Donizete Ferreira

Antônio Fernandes Neto

Aluizio Palmar

Ary Normanha

Aton Fon Filho

Augusto Antônio Viveiros Junior

Bernardo Vianna Marques Cerdeira

Camila Garcia Coelho

Candida Guariba

Carlos Alberto Sagranichiny

Carlos Henrique Mayr Jr, familiar de Frederico Eduardo Mayr

Carlos Lichtsztejn

Carlos Ricardo da Silva

Carlos Russo Jr.

Cesar Augusto Teles

Cesar Cavalcanti

Clarckson Messias A. Nascimento

Clelia de Mello, familiar de Alceri maria Gomes da Silva

Cloves de Castro

Clóvis Petit de Oliveira – familiar de Maria Augusta, Jaime e Lucio Petit

Conceição R. Menezes

Criméia Alice Schmidt de Almeida – familiar de André e Mauricio Grabois

Danilo Silva Barbosa

Denise Santana Fon

Derlei Catarina De Luca

Dirceu Travesso, Presidente estadual do PSTU

Dirlei L. da Fonseca

Dulce Maia de Souza

Edson Amaral

Edson Luiz de Almeida Teles

Eduardo Almeida

Efraim Gomes de Moura

Emmanuel O. da Silva

Elisabetta Santoro, professora da FFLCH-USP

Ernesto Gradella, ex-deputado federal

Evanildo Souza

Expedito Solaney, CUT Nacional

Fabio Bosco

Fátima Cristóvão

Fátima da Silva Fernandes

Fausto Salvadori

Fernando A. S dos Santos

Francisco dos Reis Ferreira

Genilda Alves

Gilberto Antonio Gomes

Gilberto Pereira de Souza

Gina Couto

Glauco Marques

Guilherme Fonseca

Heder Sousa – Coordenação de DH do PSOL

Heitor Fernandes Filho

Helena Maria de Souza

Helenalda Rezende de Souza Nazareth – familiar de Helenira Rezende Nazareth

Heloísa Daruiz Borsari

Heloisa Greco

Igor Martins Coelho Almeida

Ivanildo de Souza

Janaina de Almeida Teles

Jean Pierre Leroy

João Carlos S. de Almeida Grabois – familiar de André e Maurício Grabois

João Preis, familiar de Arno Preis

João Ricardo Oliveira Soares

José Cantídio de Souza Lima

José Eduardo Figueiredo Soares Braunschwiger

José Keniger

José Maria de Almeida, Presidente do PSTU

José Welmowicki

Julia Maria Eid

Karin Andréia Bottini

Laura Petit da Silva – familiar de Maria Lucia, Jaime e Lucio Petit

Lílian Irene Queiroz

Lorena Morone Girão Barroso – familiar de Jana Morone Barroso

Lucia Vieira Caldas – familiar de Mario Alves

Lúcia Rodrigues

Luciana Nogueira Nóbrega

Luiz Carlos Prates

Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior

Marcos Margarido

Marcelo Zelic, vice-presidente do GTNM-SP

Maria Amélia de Almeida Teles

Maria do Céu de Lima

Maria Esmeralda da Cruz Forte

Maria Cecília Nascimento Garcia

Maria Helena Fontana

Maria Valéria Sarmento Coelho da Paz

Marisa dos Santos Mendes

Mauro Ailton Puerro

Nair Benedicto

Nazareno de Deus Godeiro

Neusa Terezinha do Nascimento

Oraldo Soares Paiva

Pablo Biondi

Paulo Afonso Salgado Aguena

Patrícia Rocha de Figueiredo

Pedro Estevam da Rocha Pomar

Rosângela Botelho da Costa

Rachel Moreno, Observatório da Mulher

Rafael dos Santos da Silva

Raquel Macruz

Raymundo Alves Dias

Raul Silva Telles do Valle

Ricardo Pereira de Oliveira

Ricardo Tavares Affonso

Rita Freire, Ciranda da Comunicação

Rita Ronchetti, Articulação Mulher e Mídia

Roberto Nery Jr.

Rodrigo de Medeiros Silva

Rosa de Lourdes Azevedo dos Santos

Rubenvado Silva, Presidente do Sindalesc

Salete Henrique

Sebastião Carlos Pereira Filho

Sheila Cristina Santos

Suzana Keniger Lisbôa – familiar de Luiz Eurico Tejera Lisbôa

Tania Pacheco

Tarcisio Eberhardt

Terezinha de Oliveira Gonzaga

Terezinha Vicente

Togo Meirelles Netto – familiar de Tomaz Antonio Meirelles

Valério Arcary

Vânia Viana

Walber Nogueira da Silva

Waldo Mermelstein

Zenilda Francisca Vital

Associação Brasileira de Rádios Comunitárias- Regional São Paulo

Associação Filhos de Aruanda

Associação dos Geógrafos Brasileiros

Central Única dos Trabalhadores- CUT Nacional

Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu

Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos

Coletivo Contra a Tortura-São Paulo

Comitê Catarinense Pró-Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos

Conselho Comunitário da Barra da Lagoa (Florianópolis)

Espaço Patricia Galvão – Diadema

Federação Interestadual dos T. em Radiodifusão e Televisão (FITERT)

Grupo Tortura Nunca Mais de Foz do Iguaçu

Grupo Tortura Nunca Mais-Rio de Janeiro

Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (Minas Gerais)

Instituto Sedes Sapientiae

Movimento Sindicatoépralutar! – Jornalistas de São Paulo

Observatório das Violências Policiais- PUC São Paulo

Organização Não Governamental Caá-oby

Primado Organização Federativa de Umbanda e Candomblé do Brasil

Sindicato dos Advogados de São Paulo

Rede Social de Justiça e Direitos Humanos

*****

ATENÇÃO: para aderir ao Manifesto basta enviar mensagem para o e-mail sindicato.adv@terra.com.br com cópia para pedro.pomar@gmail.com

programação do domingo no Afro-Sul Odomode

setembro 25, 2011

Recebi a programação do domingo no Afro-Sul Odomode e repasso a vocês:

 

Olá nossos parceiros…

Neste domingo a programação será diferente, pois é Aniversário da Tia Iara Deodoro e o Lançamento da nossa 1ª Campanha do Brinquedo para o Natal 2011

O evento começará a partir

16h- Oficinas de Axé, dança afro, capoeira, e demais..

18h- apresentação do Grupo Afro-Sul Mirim de dança;

18:30h – Tamanco no samba;

19h-Karen Wolkmamm;

19:30h – Grupo de Percussão do Projeto Social

20h – Paulinho Romeu e Mestre Paraquedas;

20:30h – Maracatu Truvão, Grupo de Música e Dança Afro-Sul

21h -Turucutá

21:30h – Baobá e Convidados: Tonho Croco, Domingos Crew, e demais artistas

Será no local de sempre né pessoal: Av. Ipiranga, 3850- Jardim botânico.

Contamos com a presença de todos, pois ela será muito importante.


Carla Souza
Secretária
Instituto Cultural AfroSul/Odomode
21032915/96925132

http://afrosulodomode.wordpress.com/

Então seria uma Roman(tic)a apaixonada ?…

junho 13, 2011

 

 

 

Seria Roman(tic)a apaixonada?…ou, uma Marxista Revolucionária de anos é um charme incomum para uma jovem permanente?…

 

 

Vamos aos fatos…

 

 

Uma vez , o império romano era regido pelo princípio que dizia: “daí ao povo pão e circo e está tudo feito”.

 
O circo era a arena e o espetáculo eram os leões comendo cristãos. Mas, por um fenômeno da economia da época, rarearam os cristãos, dizem que aprenderam métodos de guerrilha,  aparecendo e desaparecendo, ou porque diminuiram somente.

 
Houve um grande conselho junto ao imperador para resolver esse grave problema.

 
Um dos sábios conselheiros disse:

 
– Vamos deixar os cristãos só para as finais.

 
– Mas quem colocar nas iniciais?

 
O sábio conselheiro respondeu:

 
– Ora, os romanos delinqüentes.

 
– Mas um romano não pode ser identificado com um cristão?

E o sábio conselheiro respondeu:

 
– Quando chegar a vez do romano, põe-se um guarda de capacete erguido com um papel preto e outro branco, se tirar o papel branco ele é libertado, se tirar o preto os leões vão comê-lo.

– Boa idéia!

 
Em termos, como toda boa idéia, aliás, pois havia na época um romano preso que era a paixão de todas romanas. Este romano tinha alguma coisa que não agradava. Que ele fosse bonito, tudo bem, a beleza é fundamental também para os homens. Mas esse era bonito, inteligente e corajoso. Aí não dá prá aguentar mesmo, não há quem resista.

Acontece que os homens sabiam disso, e eles estavam no conselho(as mulheres sabem que Conselho é coisa de homem), e um disse ao outro:

 

 

– O galã é aquele? Já imaginou se ele tira o papel branco?

Assim, como hoje, eles solucionaram o problema comprando o guarda para colocar dois pedaços de papel preto no capacete.

Já naquela época as mulheres ouviam por detrás das portas e uma, a que ouviu, convenceu o guarda deixá-la visitar o galã romano. Ao encontrá-lo lhe disse:

 
– Sua sorte está selada, morrerás.

 
O galã romano manteve a elegância respondendo:

 
– Não te preocupes querida, eu me salvarei!

 
E fez uma coisa imperdoável, tinha tanta certeza de sua força que marcou para o domingo em que ele iria para a arena um encontro com ela, numa das esquinas de Roma. Dia dominical, ensolarado, festivo, o povo semi-alcolizado, cheio de alegria, bandeiras, trombetas – só do lado dos homens, porque se dizia que o monstro sagrado estava liquidado. As mulheres compungidas, foram assistir ao crepúsculo de seu deus. Chegou a hora, abriram-se os portões, soaram as trombetas e entrou aquela figura apolínea, hercúlea, traços de perfeição, traços de estátua grega, de um porte e de uma elegância comoventes. Iniciaram as trombetas, o guarda se aproximou com o capacete erguido com os dois pedaços de papel preto dentro.

 
Sem perder a graça masculina, sem turvar a elegância, manchar a beleza, a luminosidade, aquele homem, agilmente, tirou do capacete um papel e o engoliu.

 

 

Dava para ouvir uma mosca atravessar a arena, tal a perplexidade, o espanto, de repente saindo desse susto, os homens se ergueram e como se fossem um só, gritaram:

 
– Mostra o papel seu cretino!

 
E aquele que era soberano por sua beleza, por sua inteligência, por sua elegância, apontou o capacete e respondeu:

 
– Olhem o que está no capacete, se ele é preto eu tirei o branco.

E os portões se abriram e disso não o iremos perdoar jamais: na hora certa, como todo galã  descente, no lugar certo, ele cumpriu com seu compromisso afetuoso.

 

 

 

Bom, só queria dizer, sorte aí e não abandonemos um vinho só por
causa da lei…

 

 

http://soundcloud.com/cidadaosound/what-we-need-is-dub

 

Estragos e soluções

maio 31, 2011

Estragos e soluções

by Luis Fernando Verissimo – copyleft colunistas ZH(sou assinante) dessa segundona30.05.11

 

Não se sabe qual é a, digamos, inclinação política do pênis. Ele é anatomicamente de centro, como todos os políticos na Itália, que se identificam como de “centrosinistra” ou de “centrodestra”, nunca de sinistra ou de destra. O pênis é centrão assumido, mas de que tendência ninguém sabe. Ele ora pende para um lado, ora para outro. Além de ser obviamente um falocrata, que se pudesse falar definiria sua posição como “sou mais eu”, sua ideologia é desconhecida. Raramente é a do seu portador, em relação ao qual mantém uma evidente independência de pensamento e ação. Há esquerdistas com pênis fascistas, conservadores com pênis sempre atrás de novas experiências sociais, liberais com pênis decididamente intervencionistas.

O pênis é, por assim dizer, um livre atirador. Pênis não tem dono. Ou, dito de outra maneira, não costuma levar em consideração a conveniência dos seus donos. E como a comunicação entre o homem e o seu pênis é precária, o pênis não ouve apelos à razão e não adianta pedir para ele ter uma consciência histórica, o resultado é o estrago que vem causando a carreiras e reputações através dos tempos. Sem querer nem saber.

Veja-se o caso recente do Strauss-Kahn e do seu pênis predador. Deve ter havido uma tentativa de diálogo entre Strauss-Kahn e seu pênis antes do ataque à camareira. Não é impossível que o ex-provável candidato a presidente do seu país tenha até invocado o futuro da Europa e do mundo para tentar deter o pênis. “Arretez pour la France!” O pênis não teria dado ouvidos. Espera um pouquinho, esqueça esta frase. O pênis não teria ligado. E fora adiante, sem nenhum prurido patriótico. E SK está politicamente liquidado. Mais uma vítima do próprio pênis.

O que fazer para que coisas assim não se repitam? A primeira solução é radical: a castração como condição para o serviço público masculino e carreiras políticas. Para o pênis aprender. A segunda solução seria a gradual substituição de homens por mulheres no poder, em todo o mundo. Uma solução que já está em curso. Os homens manteriam seu pênis, mas sem a possibilidade de causar mais estragos. E pronto.

Suavemente e ao contrário*

maio 10, 2011


Olha, escuta. É o lugar das intrigas, dos amores, dos olhares que se cruzam e não mais se encontram.

Um mundo de esconderijos, de disfarces; um mundo de barganhas secretas, pequenos tráficos, com os quais se misturam histórias de amor e de morte.

Uma floresta tropical indígena massacrada por estradas e micróbios.

Apesar da distância entre os mundos, apesar dos códigos invertidos, existe o lugar central, o querer construir um espaço como um reflexo calculado para as esperanças.

Nada pode perturbar a pirâmide social. Nada pode perturbar essa ordem de afetos humanos em que se debatem as mulheres que contrariam sua função familiar e ornamental, pois podem acabar punidas, decaídas, abandonadas ou mortas, nos acasos deste que dizem ser o melhor dos mundos.

Basta que pessoas de repeito entre em acordo para verem lanternas mágicas – óculos, reflexo, ilusões – maravilhas óticas, como um comando que explica tudo.

Mudar de opinião de repente. Alguma coisa esquecida. Receptáculo das ilusões e das ciências da ilusão.

A fala.

Mas o mundo é mau, a cidade perversa, a natureza inatingível, um paraíso artificial.

Pode-se sonhar em sociedade?

Um mundo inteiro fala consigo mesmo, uma sociedade inteira olha para seus sonhos e conflitos, e a Nação existe e começa a traçar o perfil republicano, ainda velado por figuras divinas, mulheres presas de intrigas cruéis, pouco a pouco aparecem as mortas, as sofredoras, as dilaceradas; como um complô terrível, vindo do começo dos tempos, para trazer luz a essas mulheres, vítimas de sua feminilidade, adoradas e odiadas figuras simuladas de uma sociedade real demais.

A história se repete como na vida. A criança se diverte, sem saber porque imita os adultos, esses gigantes desconhecidos; uma mulher chora sem saber ao certo de onde lhe brotam as lágrimas sem motivo, é a mesma emoção que o embate da vida provoca sem avisar.

Não há nada mais ridículo e grotesco se se mantém uma distância mínima; é sublime, se passar para o lado da identificação. Identificação sem riscos, o velho problema do distanciamento ficar relegado entre brumas que dissimulam as verdades.

Sem riscos, frequentemente não compreendemos as palavras. O inconsciente não escuta com orelhas surdas. A estrutura profunda descobre a frase, a palavra, o gesto que provoca identificação e as lágrimas de satisfação, quer dizer, o prazer de uma dor fingida sem sentido.

Transgressões das regras familiares, das regras políticas, dos jogos do poder sexual e autoritário. Daí  o riso, daí as lágrimas. Por vezes a dor e a angústia. 

No entanto, falta alguma coisa. Tudo parece insuficiente. Existe um assunto do qual não compreende nada. É esse mundo que nos cria. Como um labirinto dourado por onde caminha um rato apavorado, feito com estátuas delicadas e um som que toca o coração, que parte a alma e faz chorar uma infância esquecida.

A vida retoma seu valor e volta a comer, falar, fazer amor, na escala dos valores e dos medos, e carregando na memória fraca os modelos, as idéias, os modos de amar de uma época perdida e mesmo assim mais poderosa e perturbadora do que nunca nestes tempos em que as ilusões revelam suas faces tristes.

Comete-se o sacrilégio de escutar as palavras, seus nós, suas voltas. Recusar a seguir as pegadas dos pensamentos, suas trilhas e decidir prestar a atenção à linguagem, à parte esquecida, assim se estará libertando-se, chegando em certos instantes de evasão do cotidiano a não saber mais quem o habita.

Uma palavra apanhada no ar pelo inconsciente, uma reposta em uma conversa, uma associação imprevista ou um conflito latente pode provocar a lembrança. A palavra isolada é incapaz de convencer pela força exclusiva da idéia. A menor palavra carrega consigo séculos de história e de cultura; a menor palavra suscita um levante de idéias, como um evocar de pássaros quando os cães a encontram. Palavras que são desconhecidas, atraem e armam ciladas. 

Quando se conhece as palavras se conhece as tramas, as paixões, envolvendo totalmente um mundo extraordinariamente nítido, de uma vida incomparável, como se o coração, essa poderosa realidade, não fosse inseparável da história. Como se todas as histórias de amor não estivessem ligadas às formas de casamento, aos costumes, as resistências inconscientes, a esse peso que faz de cada um peão no tabuleiro de xadrez da cultura. Não pense que é acessório, é essencial. Torna a realidade indefinida e irreal.

As palavras suscitam, desenvolvem a linguagem, dialetiza, encobre, contraria, reforça. Consciente e inconsciente estão do lado lisível e racional de um discurso consciente, é o inconsciente que dá profundidade, relevo, que atribui um passado, uma memória sensível não ao consciente, mas ao inconsciente enfeitiçado. Tem-se na cabeça a idéia apenas sugerida da palavra passageira que retorna não esquecida.

Extraordinário paradoxo: em um mundo onde o inconsciente ocupa um lugar tão pequeno, onde se dá tanta importância às palavras ditas, como se elas quisessem dizer apenas o que dizem, sem passado, sem raízes, eis que se esquece a parte do consciente, a parte das palavras. Sem dúvida é a morada dos sonhos não formulados, das paixões secretas, um lugar, o elo entre o prazer e a irrealidade, por isso, quanto menos as palavras são entendidas, mais são apreciadas. É o começo da compreensão, como um sonho, a ambivalente fascinação, a magia em preto e branco, a fala dos outros.

De novo a fala das mulheres, a minha fala, uma espécie de murmurio temeroso e abafado que me permite falar, falar sempre. E é verdade que isso incomoda, essa forma incoerente de tomar a palavra, ditatorial demais, cujos excessos parecem sem justificativa em face das exigências muito simples da liberdade. Mas preciso me acostumar. Estou em época de refazer o mundo que esqueci durante um tempo demasiado longo, abandonado, tão próximo, ali do lado.

É a um homem que se dirige minha paixão. A ele para que saiba escutar e ver mais tarde. A ele para que compreenda e mude um pouco a realidade da sua vida. É o homem que amo, porque seu mundo agora é outro. Um dia, talvez um dia, e nesse dia talvez ele saiba um pouco mais. Para ele, para que no momento adequado ame de outra maneira, para que as palavras lhe fiquem claras e que seu prazer seja tanto maior quanto mais ele compreender minha história, uma história não fantástica.

(…continua)

*  d’eu, a mesma de sempre…LLx

maio 6, 2011

Uma mulher de verdade sempre tem sua casa limpa e arrumada e o cesto de roupas vazio. Está sempre bem arrumada e perfumada, é fina, não fala palavrão e se comporta corretamente em todo momento, lugar ou circunstância. Sobra paciência para atender sua família e sempre tem um sorriso nos lábios e uma frase amável a todos… Coloque isto em seu mural se você também suspeita de que você é, na verdade, homem !


De tomar conhecimento dos outros como pessoas

maio 6, 2011

Dia Histórico

5 do 5 do 2011

União civil HomoAfetiva Aprovada:

Estado laico 11 X 0 Idade Média

 

Disse Willian James:

O que é então, o seu próximo? É também um conjunto de estados de experiências, pensamentos e desejos, tão real como você.


E Josiah Royce acrescenta:

Essa visão mais penetrante que leva à intimidade daquilo de que até então nos havíamos dado conta de maneira externa e morta, muitas vezes torna-se acessível a uma pessoa de maneira súbita. E quando tal se dá, marca época em sua vida.

Eles estão falando de um fenômeno que os filósofos chamam de penetração moral. Sem penetração moral não existe amor. Sem penetração moral não existe respeito pelo outro.


E ambos colocam ênfase na necessidade e possibilidade de visão penetrante, que supere a cegueira que temos em relação ao seres humanos e nos capacite a notar a existência dos outros. os outros existem, são os outros, tem uma intimidade, são pessoas.


TUDO QUE É SÓ LIDO DESMANCHA NO AR

abril 3, 2011

 

 

 

 

TUDO QUE É SÓ LIDO DESMANCHA NO AR

Por ElenaraLelex

*Textão Sob licença MINCL

 

Trilha sonora inspiradora do mago Caiaffo

Vivemos sob uma chuva ininterrupta de imagens; os meios de comunicaçao todo-poderosos não fazem outra coisa senão transformar o mundo em imagens, multiplicando-o numa fantasmagoria de jogos de espelhos – imagens que em grande parte são destituídas da necessidade interna que deveria caracterizar toda imagem, como forma e como significado, com força de impor-se à atenção, como riqueza de significados possíveis. Grande parte dessa nuvem de imagens se dissolve imediatamente como os sonhos que não deixam traços na memória; o que não se dissolve é uma sensação de estranheza e mal-estar. Mas talvez a inconsistência não esteja somente/na linguagem e nas Imagens: está no próprio mundo. O vírus ataca a vida das pessoas e a história das nações, torna todas as histórias informes, fortuitas, confusas, sem princípio nem fim. Meu mal-estar advém da perda de forma que constato na vida, à qual procuro opor a única defesa que consigo imaginar: uma idéia da literatura. (Ítalo Calvino)

 

De certa forma, a citação contempla Paulo Freire, na concepção dialética do conhecimento, sujeitos dialéticos… mas, prá não deixar de meter a colher nessa nossa geléia geral de perplexidades, entro no debate.

 

O debate aqui é sobre a relação Estado e Sociedade. O modelo francês é o da assimilação das diferenças sociais: não se pode distinguir perante a lei a origem ou cultura, deve-se tratar todos como cidadãos antes de tudo – é o princípio da igualdade política dos cidadãos. O modelo Anglo-saxônico é o da integração das diferenças sociais: antes de tudo existem várias identidades culturais de grupos que devem ser focalizados e tratados separadamente segundo suas diversidades.

 

Somos uma geléia geral com caroços de muitas procedências… É comum cometermos erros grosseiros quando tiramos conclusões apressadas sobre as pessoas apenas por olharmos para as suas aparências. Ou quando criticamos a conduta de alguém só por não se parecer com a nossa. Quando partirmos do princípio que a nossa cultura ou sociedade são melhores que outra, é porque algo de errado acontece conosco. Quando falamos de identidades culturais, a questão em foco não é ser melhor ou pior, mas tão-somente a necessidade de se preservar aquilo que se mostra diferente. As diferenças precisam ser acatadas e respeitadas, individualmente.

 

Um dos enganos que cometemos com freqüência é o de acharmos que a aparência nos revela quase tudo sobre a origem das pessoas. É inegável o desconhecimento da potencialidade delas nas mais diversas formas de expressões culturais. Não me refiro a preconceitos porque esses nascem e morrem conosco. É desconhecimento mesmo. O que vale para muita gente são os estereótipos que, de tão arraigados em nossas cabeças, já fazem parte da cultura da não aceitação das diferenças. Buscamos a igualdade e nos esquecemos de privilegiar as diferenças. Isso é ruim para a sociedade. Fatos dessa natureza eliminam a possibilidade de uma convivência mais saudável entre todos os semelhantes.

 

Não é preciso ser Umberto Eco prá ter visto desde o início que, mesmo nos tempos aparentemente mais heróicos e puros sempre estivemos cercados de pequenos stálins, de arrivistas e picaretas das mais variadas espécies. É só fazer uma varredura na memória prá ver que a diferença entre um tempo e outro é que agora os da esquerda dispõem de muito mais acesso a poder (e tb a grana e tudo que tem na volta). Os mecanismos perversos de individualismo, autoritarismo, oportunismo, picaretagem e outros patologias já estavam lá, em todos os comissários do povo e nos mais abnegados revolucionários.

 

Nosso mundinho é, de fato, bem sórdido, com suas  convenções e hipocrisias generalizadas. O que hoje horroriza a todo mundo vindo da esquerda não é nada mais nada menos do que o comportamento padrão da existência neoliberal. Aquela coisa do quero mais, quero prá mim, custe o que custar. Isto é a norma entre os mafiosos do cartel de Medellin assim como dos executivos do Wall Mart. E o encantamento da grana fácil, do poder e da auto-afirmação individual move as pessoas que tem mais iniciativa. Ao mesmo tempo a grande maioria tem mesmo uma certa fascinação pela passividade, se contentando com o conformismo de ver as emoções da vida pela TV.

 

O Brasil colonial não está atrás, exterior e distante ­ ele nos constitui. Em meio à compressão do tempo-espaço, quando penso no futuro, não esqueço do passado. Enquanto nos resignarmos a “boa” tradição de nossas raízes coloniais, e buscar o falso abrigo da riqueza fácil de imediato proveito e do discreto uso das virtudes, o caráter de exploração direta será legítimo. Nesse conjunto de anti-valores herdados, nenhum esforço de governo será feito além do necessário como instrumento de dominação social. Nossa história inclui o genocídio dos indígenas e a eliminação da sua cultura; a escravização dos negros; a destruição da natureza; a concentração da riqueza em ferozes mãos brancas; a indiferença pelos direitos humanos mais elementares. Enfim, a população brasileira é filha de ex-escravos e de ex-senhores de escravos. Surgimos com a destruição de um povo, com a escravização de outro e descendemos dos que fizeram isso! Somos a síntese disso!

 

O antropólogo Roberto da Matta fez uma investigação sobre a expressão “Você sabe com quem está falando?” que é, segundo ele, e nós sabemos o quanto, muito popular entre os brasileiros. Da Matta entende que a expressão demonstra sermos uma sociedade que foge do conflito, embora ele esteja sempre presente de uma maneira viceral. Os conflitos são tragédias que devemos evitar sempre; quem se dispõe a vivenciar abertamente conflitos é inadequado, ou mal-educado e merece ouvir um sonoro “Você sabe com quem está falando?”. Segundo o antropólogo, o debate entre opiniões divergentes caracteriza o igualitarismo individualista sempre em confronto violento com o esqueleto hierarquizante da sociedade brasileira. Uma sociedade como a brasileira está dividida em classes, será que isto é uma sociedade marxista?

 

A população brasileira é pobre, adoecida, desnutrida, abandonada pelos poderes públicos sempre corruptos. É uma população sem assistência e sem condições de levar adiante seus ideais de desenvolvimento econômico-social, de soberania e democracia políticas. Esta população vê circular entre os seus casebres e cortiços, entre os seus corpos tristes e mal vestidos, através da tela de TV, carros importados, mansões, shoppings, produtos sofisticados, aos quais ela não tem acesso. A extrema pobreza convive com a extrema riqueza.

 

Pode-se falar de uma comunidade brasileira, de uma brasilidade, quando as desigualdades são tão graves? E do jeito que andam as relações entre o atual poder e os poderes externos, pode-se pensar em uma nação brasileira? Ou já estaríamos perto da recolonização? Há uma nação brasileira a ser defendida ou esta idéia é um mito do século passado? Qual o caminho a seguir nesta época de globalização: defender interesses nacionais, integrar-se à economia mundial ou tentar os dois caminhos ao mesmo tempo? Quais as estratégias, os projetos, os grupos e lideranças? Eis as encruzilhadas…  deve-se enfatizar os males do país para buscar as soluções. Mas os ufanistas não erraram: a natureza brasileira é bela e generosa; a cultura brasileira é rica e original; os homens e mulheres do Brasil são criativos e competentes; e há, de fato, em meio ao caos, uma estranha alegria de viver! Nossa maior riqueza talvez seja esta alegria de viver. A festa é reiniciada a cada fim de semana, erótica, musical, poética, lúdica… coisas que envolvem a vida, o futuro da humanidade deveriam ser exaustivamente levadas a sério.

 

A cultura que produziu os vitoriosos de hoje nasceu nas civilizações antigas que floresceram em torno do mar mediterrâneo, na Europa; estas sociedades tiveram seu apogeu com o Império Romano, berço do direito moderno. O ápice desta cultura foi a época que os historiadores atuais estão chamando de “modernidade”, desenvolvida desde os séculos XIV e XV e pouco questionada, em seus valores centrais, até quase o final do século XX. O fim da União Soviética e a queda do muro de Berlim, entre outros acontecimentos, foram os marcos  que descortinaram um mundo não mais dividido entre socialismo e capitalismo, mas envolvido em polêmicas sobre a destruição da biodiversidade e da própria espécie humana, no Planeta.

 

Já desde a década de 1960, ecologistas questionavam a concentração de poder dos grandes laboratórios e centros de desenvolvimento de tecnologia avançada; as feministas, nesta mesma década, lançaram uma  profunda, embora pouco divulgada, crítica ao poder médico e científico em geral – juntamente com a crítica às  grandes instituições religiosas – que retirava da mulher toda e qualquer possibilidade de controle sobre seu próprio corpo. Surgiram daí os movimentos sociais libertários e pacifistas da segunda metade do século XX;  perguntava-se, então, quem produz a Medicina, quem produz a Sociologia, a Historiografia, a Engenharia e o Direito.

 

A idéia básica era a de que a elite produzia a Medicina, a Engenharia, o Direito que lhe convinha para manter as injustas desigualdades na distribuição de renda e benefícios; queriam estabelecer formas de controle da produção do conhecimento, para que ele, o saber, fosse colocado à disposição e em favor do bem comum, de todas as camadas sociais.

 

Os ideais de solidariedade e fraternidade dos jovens pacifistas e revolucionários da década de 1960 foram soterrados pela ação brutal de uma mentalidade hipercapitalista nascida, como uma peste, nos escombros do socialismo real.  Na década de 1990, desejos predatórios de subordinação dos mais fracos pareciam ocupar todos os lugares de poder, no mundo, em todas as escalas. Sindicatos, partidos, clubes, associações, igrejas e as estruturas civis e militares dos estados nacionais tiveram suas direções ocupadas pelos mais eficientes, mais rápidos, mais pragmáticos e, não raro, mais cruéis representantes da espécie humana.

 

Coincidiu com aquilo que foi nomeado gentilmente de ”neoliberalismo”, no final da década de 1980, a expansão e popularização da informática potencializando o já desenvolvido peso da grande mídia na vida privada moderna e sacramentando um modo de vida individualista, solitário, depressivo e muito distante do desejo de agir, querer e pensar das duas décadas anteriores. O quadro se completou com o enorme impacto inicial efetuado pela epidemia do vírus HIV na ordem emocional arquetípica das sociedades ocidentais modernas, castrando eficientemente os caminhos  criadores dos desejos e das autonomias dos jovens atuais.

 

No tempo de neoliberalismo, quem usou e abusou deste modo de agir foram os tecnocratas neoliberais, com suas invenções para forçar o aumento da produtividade e a redução de gastos com pessoal, nas empresas, com o desenvolvimento de uma estética do descartável, a conduzir mulheres e homens em direção ao sonho de trocar partes de si próprios, como se nossos corpos fossem bens de consumo, como se nossas almas não tivessem neles a sua representação.

 

Na entrada do século XXI, a humanidade está a descobrir que já inventou o saber necessário para que todos sejam felizes e que  “cigarras e  formigas” vivam a metamorfose  de unir o reino da necessidade ao reino da liberdade, para todos e para cada um de nós. A cibernética, a alta tecnologia em geral, a biologia, a química, a física, a filosofia e o direito são saberes que já inauguraram instrumentos para viabilizar um mundo novo, no qual brincar e trabalhar serão um só acontecimento…

 

Para criar mecanismos de gestão pública não-estatal, alternativa ao socialismo monolítico autoritário e ao capitalismo neoliberal, é necessário a defesa da democracia, não dessa que “eles” afirmam existir, com ausência de liberdade de manifestação e expressão, devido a um sistema de divulgação de informações que é comandado por uma minoria que o faz ser homogêneo, opaco, vazio, fútil, estimulador de raciocínios fundamentalistas e maníacos.

 

Em  uma democracia, a tendência é a de os modos de pensamento científicos avançarem e ocuparem largos espaços junto aos grupos e comunidades, pois a liberdade de manifestação e expressão produz ciência. e assim torna-se livre, liberto desta máfia e, se os deuses quiserem e as deusas deixarem, libertos de qualquer máfia.

 

A tese em construção é uma arma necessária para a reconstrução de esquerda, no Brasil. É uma pequena grande arma. E somos poucos e temos poucas armas. Para quem é DE esquerda, como Paulo Freire, o futuro é possibilidade; para quem é DA esquerda, o futuro é fatalidade…

 

Os meio liberais, meio de direita meio de esquerda, podem ser reconhecidos por seu comportamento: são aquelas figurinhas carimbadas que pregam o Estado mínimo e, ao mesmo tempo, querem dinheiro público emprestado para comprar as estatais; são aqueles que preconizam a diminuição da presença do Estado na economia, mas, quando a concorrência aperta, querem que o governo intervenha no câmbio a seu favor; também são aqueles que acham que empresa pública é ineficiente, mas estão sempre exigindo do governo um subsídio aqui, uma isenção fiscal ali…

 

Considero que a esquerda não pode, não deve continuar instalando-se no já estabelecido, como se as correlações de forças e as regras do jogo fossem imodificáveis; não pode, portanto, conceber a política como a arte do possível, apenas. Toda sua ação deveria ser dirigida a mudar a situação. deveria partir da realidade efetiva, ao mesmo tempo que deveria aplicar a sua vontade para a criação de uma nova correlação de forças partindo do que nessa realidade há de progressismo para reforçá-lo e de limite ou freio para combatê-lo. Trata-se de partir da realidade efetiva, não para submeter-se a ela, como faz a esquerda “diplomática”, mas para elaborar uma estratégia que lhe permita dominá-la e ultrapassá-la ou, pelo menos, contribuir para isso.

 

Conceber a política como construção de forças implica abandonar a visão tradicional da política que tende para reduzí-la exclusivamente ao relacionado às instituições juridico-políticas, ao papel do Estado;  nesta visão caem tanto os setores mais radicais da esquerda, como os mais moderados: os primeiros centram toda a ação politica na “tomada do poder político e a destruição do Estado”,  e os mais reformistas na administração do poder político ou exercício de governo”. Tudo se concentra nos partidos políticos e na disputa à volta do controle e orientação dos instrumentos formais do poder; os setores populares e as suas lutas são ignorados… hora de dar um basta!

 

O negócio é, como dizia o Spike Lee, fazer a coisa certa. Ou pelo menos fazer alguma coisa …  Viva a Geléia Geral !!!

 

 

*Textão sob licença MINCL=sou copyleft

O que é Licença?

Essa idéia surge numa discussão, em 1980, na União de Fotógrafos. A gente criou essa idéia questionando um dos maiores autoralistas que o país já teve, chamado Vieira Manso, que foi o cara que criou o primeiro modelo de contrato de licença para a Editora Abril. Essas licenças nada mais eram do que blefes legais, uma manipulação de tudo o que tem na lei com o intuito de fazer com que as pessoas tomassem medo e vendessem sua obra porque precisavam pagar as contas. Então, esse modelo perdura até hoje, desde 1973, em todas as empresas, e é conhecido como contrato de cessão de obra. (repórter-fotográfico Luis Alberto de Oliveira França)